Esquema bilionário desvia R$ 714 milhões de aposentados; dupla deixa rastro em fraudes no INSS

Uma investigação conduzida pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um esquema bilionário que drenou R$ 714 milhões de aposentados brasileiros. O golpe foi arquitetado por um advogado e um contador, que criaram quatro entidades falsas para realizar descontos fraudulentos em benefícios previdenciários sem autorização dos segurados.

Os golpistas — identificados como Daniel Fireano e Mauro Concilio Palombo — repetiram inclusive o mesmo erro de digitação nos estatutos das entidades, trocando “efetivo” por “efeito”, o que ajudou a comprovar a conexão entre os grupos criminosos.

Como funcionava o golpe

As entidades — “Amar Brasil”, “Master Prev”, “Anddap” e “Aasap” — foram usadas para realizar mais de 14,5 milhões de descontos fraudulentos nos contracheques de aposentados.

• A “Amar Brasil” foi responsável por R$ 324,6 milhões;
• A “Master Prev”, por R$ 231,7 milhões;
• A “Anddap”, por R$ 94,4 milhões;
• E a “Aasap” desviou R$ 63,2 milhões

Os descontos eram realizados de forma automática, aproveitando-se de brechas nos convênios com o sistema de benefícios, o que tornou o esquema altamente lucrativo e de difícil detecção inicial.

Blindagem política e indignação no Congresso

A atuação dos golpistas foi tema de discussão intensa na CPMI do INSS. Segundo o relator, Alfredo Gaspar, o caso revela “uma estrutura familiar para enriquecimento ilícito”, com sinais de blindagem política e jurídica, inclusive com réus sendo ouvidos protegidos por decisões de instâncias superiores..

O deputado André Fernandes (PL-CE) criticou a base governista por barrar convocações consideradas essenciais para a investigação.

“As ‘vitórias governistas’ são as blindagens na CPMI do INSS. Nunca foi pelos aposentados roubados”

Reação pública e cobrança por responsabilização

O escândalo gerou revolta entre aposentados e parlamentares conservadores, que cobram punições exemplares e responsabilização de autoridades que permitiram brechas no sistema. A expectativa é que a CPMI intensifique as oitivas dos envolvidos e pressione órgãos de controle a agir com mais firmeza.

“Dá até vontade de ir embora. Fazer o que neste país?”, lamentou a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), após ouvir depoimentos de envolvidos.

Para setores da oposição, o caso é mais um símbolo de impunidade e desrespeito com quem trabalhou a vida inteira. A denúncia reforça o discurso de parlamentares de direita sobre a fragilidade dos mecanismos de controle no governo atual e a conivência de setores do Judiciário com esquemas criminosos.

“Blindagem de corruptos e desprezo pelos aposentados: esse é o retrato da velha política”, resumiu um parlamentar bolsonarista durante a sessão.