José Jerí assume presidência interina do Peru após destituição relâmpago de Dina Boluarte

O presidente do Congresso da República do Peru, José Jerí, de 38 anos, assumiu interinamente a presidência do país nesta sexta-feira (10.out.2025) após a destituição relâmpago da presidente Dina Boluarte, aprovada pelo Legislativo por 122 votos a favor de um total de 130 parlamentares — número bem acima do mínimo necessário de 87 votos.

A decisão foi tomada com base na alegação de “incapacidade moral permanente” da mandatária para lidar com o agravamento da insegurança pública e o avanço do crime organizado no país. Boluarte não compareceu ao plenário para se defender, e Jerí, então presidente do Congresso, conduziu o processo até sua conclusão.

Interinato até 2026

De acordo com a Constituição peruana, na ausência de vice-presidentes, o presidente do Congresso assume interinamente a chefia de Estado até a realização de novas eleições gerais. O pleito está marcado para abril de 2026, quando o país elegerá um novo presidente e um novo Parlamento.

Jerí assumiu a presidência do Congresso em agosto e chegou ao Legislativo em 2021 como suplente do ex-presidente Martín Vizcarra, impedido de assumir a cadeira por inabilitação parlamentar.

Momentos antes da posse, o deputado esquerdista José Quito tentou impedir a ascensão de Jerí, propondo a censura da mesa diretora. Segundo ele, a destituição de Boluarte “não vem sozinha” e representa o acirramento da crise institucional.

“Chegou um momento em que a crise transbordou. Se Jerí assumir, não se sustentará uma semana no cargo, porque serão as ruas que irão tirá-los”, afirmou Quito.

Contexto político e institucional

A queda de Boluarte acontece em meio a um cenário de instabilidade política prolongada no Peru, marcado por sucessivas destituições presidenciais desde 2018. Ela havia assumido o cargo após a saída do esquerdista Pedro Castillo, em dezembro de 2022.

O país enfrenta atualmente uma onda crescente de violência e avanço de facções criminosas, fatores que serviram de justificativa para a aprovação das quatro moções de vacância unificadas pelo Congresso.

Risco de convulsão social

A destituição repentina e a posse de Jerí aumentam o risco de novos protestos e confrontos de rua, sobretudo entre movimentos sociais ligados à esquerda, que já anunciaram mobilizações contra a decisão do Legislativo.

Analistas políticos apontam que o novo governo interino terá dificuldade para estabilizar o país até as eleições de 2026, em meio à polarização e ao desgaste institucional acumulado.