Lula critica Câmara após derrota da “MP da Taxação” e acusa parlamentares de “jogar contra o Brasil”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com dureza à decisão da Câmara dos Deputados de derrubar a Medida Provisória 1.303/2025, que previa elevação de tributos sobre altas rendas e operações financeiras. Segundo o petista, a decisão “não foi uma derrota do governo, mas do povo brasileiro”.

“A decisão da Câmara de derrubar a medida provisória que corrigia injustiças no sistema tributário não é uma derrota imposta ao governo, mas ao povo brasileiro. Essa medida reduzia distorções ao cobrar a parte justa de quem ganha e lucra mais. Dos mais ricos”, escreveu Lula nas redes sociais.

O presidente afirmou ainda que impedir a taxação das grandes fortunas é votar contra o equilíbrio fiscal e a justiça tributária, acusando os parlamentares de “jogar contra o Brasil”.

MP perderá validade sem análise do Senado

A MP da Taxação previa arrecadar cerca de R$ 35 bilhões, mas o valor caiu para R$ 17 bilhões após negociações. Considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas, a proposta foi retirada de pauta por 251 votos a 193, sem análise do mérito — o que levará à sua caducidade automática às 23h59 desta quarta-feira.

O relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) havia sido aprovado por apenas um voto de diferença na comissão mista (13 a 12), mas o governo não conseguiu manter a base unida em plenário.

Planalto reage e culpa Tarcísio de Freitas

Após a derrota, o governo federal responsabilizou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por articular contra a proposta. Segundo interlocutores do Planalto, Tarcísio teria ligado a deputados pedindo votos pela derrubada da MP — o que ele negou.

Mesmo assim, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), agradeceu publicamente o apoio do governador:

“Governador Tarcísio, receba do alto da tribuna o nosso reconhecimento. Você tem sido um gigante no diálogo com os partidos de centro para que a gente possa fazer essa coalizão em prol do Brasil contra aumento de impostos”.

Gleisi Hoffmann e Haddad também atacam Congresso

A presidente do PT e ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que “quem votou contra a MP votou contra o país e o povo brasileiro”.

“A pequena parcela muito rica do país não admite que seus privilégios sejam tocados. Não querem pagar impostos como a maioria dos cidadãos”, afirmou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também lamentou a decisão e cobrou o cumprimento de acordos feitos com os partidos para garantir a aprovação.

A medida fazia parte do esforço do governo para recompor receitas após a queda do IOF e compensar renúncias fiscais. A derrota representa mais um revés político para o Planalto, que já enfrentava dificuldades na base aliada após o rompimento do PP e União Brasil com o governo.