Lula diz que voltará a ligar para Donald Trump caso negociações não avancem até o fim da COP30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (4), em entrevista durante a COP30, em Belém (PA), que voltará a ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caso as negociações bilaterais entre os dois países não avancem até o final da conferência climática.

“Depois que a COP terminar, se a reunião não tiver acontecido, não terei problema em ligar para o presidente Trump. Não terei problema em ir a Washington, não terei problema em ir a Nova York, e espero que ele não tenha problema em vir ao Brasil”, disse Lula.

O petista disse que o Brasil e os Estados Unidos são “as duas maiores democracias do mundo ocidental” e que é essencial que os dois países mantenham relações cordiais e respeitosas.

“Melhor será para os Estados Unidos e melhor será para o Brasil”, afirmou Lula, em tom conciliador.

Contexto: tarifas e tensões diplomáticas

O comentário ocorre após o governo Trump elevar de 10% para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, como aço, carne e soja, medida que reacendeu tensões comerciais entre os dois países.

Lula e Trump se encontraram em outubro, na Malásia, numa tentativa de reaproximar as relações diplomáticas e iniciar um novo ciclo de diálogo após a imposição das barreiras tarifárias.

Segundo o presidente, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão preparados para viajar a Washington e conduzir uma nova rodada de negociações comerciais.

“Depois da reunião com o presidente Trump, eu disse que era essencial que nossos negociadores começassem a conversar logo. Sugeri que fosse naquela mesma noite. Não foi, mas aconteceu na manhã seguinte, às 8h.”

Lula também confirmou ter enviado uma carta pessoal a Trump, pedindo a retirada das sanções impostas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a revisão das tarifas, a fim de “recomeçar do zero” as tratativas bilaterais.

Convite a Trump para visitar o Brasil

O presidente ainda afirmou que reforçou o convite para que Trump visite Belém, sede da COP30, e conheça a Amazônia.

“Eu insisti para que ele viesse aqui. Veja a Amazônia, cara! Vá! Você vai perceber que nosso humor melhora maravilhosamente, fica muito melhor.”

Apesar das tentativas diplomáticas, Lula enfrenta resistência dentro do próprio governo, já que membros da ala ideológica do PT criticam a aproximação com Trump, enquanto diplomatas defendem pragmatismo econômico e cooperação internacional.