Ministro do TCU critica falta de governança no Brasil e cita crise de segurança no Rio

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, criticou nesta terça-feira (4) a ausência de governança no país e usou a insegurança pública no Rio de Janeiro como exemplo da falta de coordenação do poder público.

Durante o 6º Prêmio Rede Governança Brasil, realizado na sede da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em Brasília, Nardes afirmou que o recente episódio da megaoperação policial no Rio, que terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais, expôs a desorganização estrutural do Estado brasileiro.

“Tivemos recentemente uma situação no Rio de Janeiro que demonstra a falta de governança da nação. Temos que trabalhar de forma preventiva, não apenas punitiva”, declarou o ministro, reforçando que a violência é consequência direta da ausência de planejamento e de políticas públicas contínuas.

Nardes também citou outras tragédias, como as enchentes no Rio Grande do Sul e os rompimentos de barragens em Minas Gerais, como exemplos de falhas de gestão e de ausência de prevenção.

Governança além da política partidária

Criador da Rede Governança Brasil (RGB), o ministro destacou que a boa governança deve estar acima de ideologias e partidos, defendendo um modelo de administração pública voltado para resultados concretos, transparência e integridade.

“O caminho é ajudar quem estiver no governo — seja estadual, federal ou municipal —, desde que haja eficiência e planejamento. O Estado precisa deixar de ser reativo e passar a ser proativo”, disse.

Durante o evento, Nardes homenageou gestores públicos e representantes de instituições que se destacam por práticas de boa governança, entre eles o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, que recebeu a medalha João Augusto Ribeiro Nardes, criada neste ano para reconhecer lideranças com histórico de ética e integridade.

Crítica velada à gestão federal

Embora sem citar nomes, o discurso de Nardes foi interpretado como uma crítica indireta ao governo Lula, que tem enfrentado pressão pela falta de coordenação nas áreas de segurança e infraestrutura. A fala ganhou força em meio ao debate sobre o papel do governo federal na crise do Rio — enquanto o Palácio do Planalto insiste em adotar tom de cautela, Cláudio Castro (PL) e o governo estadual seguem firmes no combate às facções criminosas.

“O problema é que o Estado brasileiro age apenas depois que a tragédia acontece. Falta gestão, falta planejamento e sobra discurso”, disse um analista político presente ao evento.