PF desmantela esquema de fraudes na UFRJ com ligação ao Comando Vermelho

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (30) a Operação Capgras, que investiga um esquema de fraudes previdenciárias dentro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com indícios de ligação ao Comando Vermelho (CV). Segundo as apurações, integrantes de uma quadrilha se passaram por familiares de professores universitários falecidos para continuar recebendo benefícios indevidos, além de lavar dinheiro por meio de empresas de fachada e “laranjas”.

A ação cumpre cinco mandados de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Mogi das Cruzes (SP). De acordo com a PF, parte dos valores desviados foi destinada ao Comando Vermelho, facção que voltou ao centro do noticiário após a Operação Contenção, realizada dois dias antes, que deixou 119 mortos — entre eles quatro policiais — e resultou em 113 prisões e 118 armas apreendidas.

Os agentes encontraram durante as buscas computadores, documentos, joias, dinheiro em espécie, cofres e veículos de luxo. A estimativa é de que o grupo tenha movimentado R$ 22 milhões entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024. Os investigados poderão responder por estelionato, falsificação de documentos públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

As investigações começaram após a denúncia de um pensionista da UFRJ, que percebeu a inclusão indevida de um “filho” como beneficiário em seu cadastro. O nome da operação faz referência à síndrome de Capgras, transtorno psiquiátrico caracterizado pela crença de que pessoas próximas foram substituídas por sósias — alusão direta ao método utilizado pelos criminosos para fraudar o sistema.

A Polícia Federal ressaltou que não participou da Operação Contenção, deflagrada pelo governo do Rio de Janeiro, e informou que recusou convite para integrar a ofensiva por considerar que a ação estava fora de seu escopo institucional.