Interiorização das facções expõe colapso da segurança na Bahia
Violência avança pelo Recôncavo, cidades entram em estado de sítio e guardas municipais assumem papel que deveria ser do governo estadual
Por: Redação
14/11/2025 às 08:22

Foto: Divulgação
A escalada da violência na Bahia já não é mais fenômeno restrito às grandes cidades. O que se vê, com clareza, é a interiorização das facções criminosas e a transformação de municípios historicamente pacatos em zonas de guerra. Muritiba, com pouco mais de 30 mil habitantes, tornou-se o símbolo mais recente desse processo.
A madrugada e a manhã da última terça-feira escancararam a nova realidade do Recôncavo Baiano: tiroteios intensos, invasões territoriais, confrontos entre facções e operações emergenciais da polícia paralisaram a região. Moradores foram orientados a ficar em casa. Unidades de saúde suspenderam atendimento. Uma cidade inteira rendida pelo terror — e tudo isso enquanto o governador Jerônimo Rodrigues (PT) declarava recentemente que “a segurança na Bahia está sob controle”.
A fala do governador, registrada em 29 de outubro, contrasta com a cena descrita por um morador de São Félix:
“Apesar do que está sendo noticiado, a situação é pior.”
O conflito entre o Comando Vermelho (CV) e o Bonde do Maluco (BDM) mostra que o interior deixou de ser refúgio. Facções disputam território abertamente e desafiam a autoridade do Estado — um Estado que, segundo o próprio Jerônimo, atua com “controle e responsabilidade”, sem violência excessiva. Na prática, porém, o problema é outro: há falta de estratégia, coordenação e presença qualificada.
Diante da incapacidade do governo estadual, municípios passaram a improvisar mecanismos de proteção por conta própria. Hoje, 199 das 417 cidades baianas já criaram guardas municipais — corporações que deveriam proteger o patrimônio público, mas vêm sendo empurradas para funções policiais. Trata-se de um grave desequilíbrio federativo: prefeitos formando verdadeiras forças de segurança paralelas para suprir a ausência da Polícia Militar e da Polícia Civil, responsabilidades constitucionais do Estado.
O cenário preocupa não apenas pela exposição dos agentes municipais ao confronto direto com facções de alta letalidade, mas porque revela um vácuo de comando. A Bahia assiste à migração do crime organizado para regiões antes tranquilas, enquanto o governo insiste em minimizar riscos e tentar manter a narrativa de normalidade.
O Recôncavo, antes símbolo de história, cultura e acolhimento, virou território disputado pelo tráfico. O interior, por décadas sinônimo de paz, agora vê suas madrugadas cortadas por rajadas de fuzil.
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