União Brasil vai sair do governo Lula e entregará os ministérios

A cúpula do União Brasil decidiu deixar oficialmente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O partido já definiu que entregará, a partir de setembro, dois dos três ministérios que ocupa atualmente: Turismo, comandado por Celso Sabino, e Comunicações, com Frederico Siqueira. Ambos devem deixar os cargos, seja por decisão da legenda ou por pressão política.

O único que deve permanecer no governo é Waldez Góes (Integração Nacional), ligado ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP). Embora filiado ao PDT, Góes ocupa o cargo por influência direta de Alcolumbre — um dos nomes mais poderosos do União —, o que torna sua permanência fora do alcance da decisão partidária.

A saída da sigla amplia o isolamento político do governo Lula no Congresso e enfraquece ainda mais sua base de apoio, sobretudo em votações estratégicas para o Executivo. O União Brasil possui 59 deputados federais e forma, junto ao PP, uma federação que já indicou oposição à reeleição do petista em 2026.

O estopim da ruptura foi uma declaração pública do presidente da sigla, Antonio Rueda, durante um evento da XP Investimentos com grandes empresários e investidores. Rueda criticou a gestão petista, afirmando que falta “coragem” e “seriedade” ao governo, e defendeu uma candidatura alternativa ao Planalto para as próximas eleições.

Ele também responsabilizou Lula pelo agravamento da crise diplomática com os Estados Unidos, que resultou em tarifas comerciais e sanções como a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes. Para Rueda, o presidente brasileiro deveria ter atuado com mais diplomacia, em vez de adotar um tom ideológico nas relações exteriores.

A reação do Planalto foi imediata. Lula convocou uma reunião com os três ministros ligados ao União para cobrar explicações. Como resposta, Rueda publicou uma nota nas redes sociais reforçando que “independência não se negocia” e que o compromisso da legenda é com os “princípios, e não com cargos ou conveniências”.