Ex-sócio do Banco Master cresceu na Bahia sob a proteção do PT
Privatização da Ebal, cartão consignado para servidores e laços com Rui Costa colocam empresário no centro da crise do sistema financeiro
Por: Redação
20/11/2025 às 09:13

Foto: Divulgação
Preso na operação Compliance Zero da Polícia Federal, o economista Augusto Ferreira Lima não é um nome surgido do nada no mercado financeiro. Sua trajetória começou a ganhar força em 2018, a partir de uma privatização conduzida pelo então governador da Bahia, Rui Costa (PT), hoje ministro-chefe da Casa Civil de Lula.
Naquele ano, Lima arrematou a Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), estatal responsável pela rede de supermercados Cesta do Povo e pelo cartão de pagamentos Credcesta. Pelo pacote, pagou R$ 15 milhões e assumiu as dívidas da companhia, em um leilão que foi a 3ª tentativa de privatização do governo petista.
A partir de 2019, o foco do empresário deixou de ser as lojas físicas e se concentrou no negócio financeiro. O cartão foi rebatizado para Credcesta e passou a operar como cartão consignado voltado a servidores públicos, com desconto direto em folha. Documentos do próprio governo baiano mostram que, em janeiro daquele ano, o site oficial RH Bahia anunciou o envio de novos cartões Credcesta para a casa de servidores ativos e inativos, sem necessidade de solicitação prévia — bastava o funcionário demonstrar interesse para ativar o produto. A mesma comunicação destacava a possibilidade de fazer “operações de crédito (saques em dinheiro)” pelo programa.
Na prática, a máquina pública do Estado foi utilizada como canal de distribuição de um produto privado, beneficiando diretamente o negócio de um aliado político. Com o desconto em folha garantindo baixa inadimplência, o Credcesta se tornou um ativo valioso no mercado de consignados, setor frequentemente criticado por aprofundar o endividamento de servidores.
Em 2020, Lima levou o Credcesta para o Banco Master, tornando-se sócio de Daniel Vorcaro e chegando a ocupar o cargo de CEO. O cartão passou a ser um dos principais produtos da instituição, que cresceu surfando exatamente nesse nicho de crédito consignado. Posteriormente, em maio de 2024, Lima deixou a sociedade no Master; em 2025, comprou o Banco Voiter e rebatizou a instituição como Banco Pleno, para onde migrou o Credcesta.
Além de Rui Costa, a reportagem registra que Augusto Lima mantém relação com o senador Jaques Wagner (PT-BA), outra figura central do petismo baiano, e também com nomes da oposição na Bahia, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil). O caso revela um emaranhado de relações políticas que ultrapassa fronteiras partidárias, mas que expõe, sobretudo, o peso da máquina petista na origem e expansão dos negócios do empresário.
Agora, com o Banco Master em liquidação extrajudicial e seus ex-dirigentes na mira da PF, inclusive Lima, a conexão entre privatizações conduzidas por governos do PT, uso de consignado em massa para servidores e o risco sistêmico ao sistema financeiro ganha novos contornos. A defesa do empresário afirma que as operações investigadas são posteriores à sua saída do Master, diz que ele tem “histórico ilibado” e promete colaborar para esclarecer os fatos.
Ainda assim, permanece a pergunta incômoda: até que ponto a estrutura do Estado baiano foi usada para alavancar negócios privados de grupos politicamente alinhados ao PT — e quem assume a conta quando tudo dá errado, como no caso do Banco Master?
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