Governador Jeronimo Rodrigues afirma que “crime organizado não tem vez na Bahia”, mesmo com liderança do estado em facções e homicídios

O governador da Bahia, Jeronimo Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira (20) que o crime organizado “não vai se criar e não vai se fortalecer” no estado. A declaração, no entanto, contrasta com os dados mais recentes da segurança pública, que apontam a Bahia como líder nacional em número de facções criminosas e entre os estados com mais homicídios no país.

Durante entrevista coletiva, Jeronimo destacou que o governo estadual tem realizado diversas operações policiais para conter o avanço das organizações criminosas e garantir a segurança da população. “A nossa determinação é fazer operações. O crime organizado não vai se criar aqui”, afirmou o governador.

A fala ocorre em um momento em que a Bahia enfrenta a atuação de ao menos cinco grandes facções — entre elas o Bonde do Maluco (BDM), Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e Katiara — além de diversos grupos menores espalhados pelo interior e pela região metropolitana de Salvador.

Levantamentos de segurança indicam que o estado possui o maior número de facções em atividade do país, com forte presença em áreas urbanas e rurais. Além disso, os índices de violência permanecem entre os mais altos do Brasil, com aumento de homicídios e crimes contra o patrimônio.

Especialistas e membros da oposição consideraram a declaração do governador desconectada da realidade vivida pelos baianos. Para eles, a fala reflete uma tentativa de minimizar a gravidade da crise de segurança pública no estado, que há anos figura entre os mais violentos do país.

Enquanto o governo destaca ações policiais e operações pontuais como sinais de avanço, críticos apontam a ausência de uma política de segurança pública integrada e de longo prazo, com foco em inteligência e prevenção.

A declaração de Jeronimo Rodrigues reacendeu o debate sobre a efetividade das ações do governo estadual no combate ao crime organizado e reforçou o contraste entre o discurso político e os números da violência na Bahia.