Inauguração da BYD em Camaçari exclui maioria dos trabalhadores da festa com Lula

A inauguração da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, marcada pela presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi ofuscada por um episódio de exclusão que gerou descontentamento entre parte dos funcionários. De um total de aproximadamente 1.500 trabalhadores, apenas 300 foram convidados para participar da cerimônia oficial, enquanto os demais receberam folga e ficaram de fora da celebração. A informação foi divulgada peo jornal Correio.

Segundo Júlio Bonfim, representante do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, após a repercussão negativa, a empresa chegou a permitir que outros empregados comparecessem ao local, desde que permanecessem fora da área do evento. Bonfim classificou a medida como “um ato de exclusão” e comparou a situação com a inauguração da fábrica da GWM, em São Paulo, que também contou com a presença de Lula, mas teve participação ampla dos trabalhadores.

“O trabalhador faz parte das conquistas da empresa. Negar a ele o direito de comemorar é um ato de exclusão”, afirmou Bonfim.

Histórico de polêmicas trabalhistas

A relação da BYD com os trabalhadores em Camaçari não é isenta de tensões. No início das obras, a empresa foi alvo de investigação do Ministério Público do Trabalho por supostamente submeter funcionários a condições análogas à escravidão. Também houve denúncias de discriminação por idade na seleção de empregados para a planta industrial.

Mais recentemente, no entanto, houve avanços nas negociações salariais, com aumento do piso de R$ 1.950,00 para R$ 2.067,00 mensais, com pagamento retroativo a julho e agosto, e previsão de novo reajuste para R$ 2.273,00 após três meses de trabalho.  

Investimento bilionário e impacto político

A fábrica da BYD — instalada no antigo complexo industrial da Ford — representa um investimento de R$ 5,5 bilhões e é pilar da estratégia de transição energética e industrialização verde do governo Lula. A cerimônia contou com forte presença de autoridades, empresários e políticos alinhados ao Planalto, reforçando o tom político do evento.

Apesar do impacto econômico positivo esperado para a região, a exclusão da maioria dos funcionários no momento simbólico de inauguração reacende críticas sobre o distanciamento entre grandes projetos industriais e os trabalhadores que os sustentam.