Lupi admite falha e diz que não avisou Lula sobre esquema bilionário no INSS

O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) afirmou nesta segunda-feira (8), em depoimento à CPI do INSS, que nunca comunicou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as irregularidades nos descontos ilegais aplicados a beneficiários. Disse que suas conversas com o petista eram apenas sobre “macropolíticas”.

Lupi alegou que Lula só teria tomado conhecimento do esquema depois da operação Sem Desconto da Polícia Federal, deflagrada em abril de 2025. O esquema fraudulento desviou bilhões de reais de aposentados e pensionistas.

Questionado pelo relator Alfredo Gaspar (União-AL), o ex-ministro admitiu que houve indicações políticas para cargos estratégicos dentro do INSS, como a nomeação de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios, hoje investigado por suspeita de propina paga por entidades ligadas ao esquema.

Apesar de negar envolvimento do presidente e de familiares como Frei Chico –irmão de Lula e vice-presidente do Sindnapi, uma das entidades investigadas–, Lupi reconheceu que falhou: “Talvez minha maior falha tenha sido não dar dimensão ao tamanho do rombo que era isso”.

As primeiras denúncias datam de 2016, mas foram ignoradas ou arquivadas. Em 2020, novas acusações também não avançaram. Só em 2023 houve reunião entre o INSS e a PF, quando já havia pressão por irregularidades.

Durante o depoimento, o ex-ministro tentou se afastar dos principais articuladores, como Antônio Carlos Camilo, o ‘Careca do INSS’, e o empresário Maurício Camisotti, apontados como operadores do esquema. Mesmo assim, admitiu desconhecer as adesões em massa que incluíram milhões de beneficiários sem autorização.