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Governo corre atrás de Trump para reverter tarifaço e tenta encontro entre Lula e presidente americano
Governo corre atrás de Trump para reverter tarifaço e tenta encontro entre Lula e presidente americano
Haddad quer “despolitizar” crise, mas desgaste com os EUA expõe fragilidade da diplomacia lulista
Por: Redação
04/08/2025 às 10:57

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Em mais um movimento reativo diante das recentes sanções comerciais dos Estados Unidos, o governo brasileiro agora tenta abrir diálogo direto com o presidente americano Donald Trump. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou nesta segunda-feira (4) que buscará uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para “preparar o terreno” para uma possível conversa entre Lula e Trump.
A iniciativa ocorre após a decisão da Casa Branca de impor tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, com base em uma ordem executiva que declarou “emergência nacional”. A resposta do Planalto tem sido marcada por um tom diplomático moderado e sinais de preocupação com o impacto econômico das medidas — especialmente para pequenos e médios exportadores, que não têm margem para absorver prejuízos.
“Entendemos que as relações comerciais não devem ser afetadas por percepções políticas de qualquer natureza”, disse Haddad. Segundo ele, o governo deseja despolitizar o debate e mostrar disposição para manter o Brasil na mesa de negociações.
Reação tardia?
A nova rodada de sobretaxas evidenciou o enfraquecimento das relações entre os dois países desde que Trump retornou à presidência. Apesar dos discursos de diálogo, o Brasil se viu pego de surpresa pelas medidas unilaterais do governo americano, o que levanta questionamentos sobre a eficácia da diplomacia conduzida pela gestão Lula.
Mesmo com a exclusão de cerca de 700 itens da lista de tarifas — como minério de ferro, suco de laranja e celulose —, quase metade das exportações brasileiras ainda será atingida. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 44,6% da pauta comercial nacional com os EUA será afetada diretamente.
Outro ponto de atrito é a inclusão do ministro Alexandre de Moraes (STF) na chamada “Lei Magnitsky”, mecanismo legal usado pelos EUA contra autoridades acusadas de abusos de poder e violações de direitos civis. O governo brasileiro tenta agora convencer o Departamento do Tesouro de que há independência entre os Poderes no Brasil — um argumento que encontra resistência nos setores mais críticos da comunidade internacional.
Trump mantém o controle da pauta
Na prática, é Trump quem dita o ritmo da crise. Em coletiva na Casa Branca, o republicano afirmou que Lula pode telefonar “a qualquer momento”, mas foi direto ao dizer que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”.
Enquanto isso, o Planalto cogita alternativas: uma conversa por telefone, uma reunião bilateral durante a Assembleia-Geral da ONU, em setembro, ou até mesmo o envio do vice-presidente Geraldo Alckmin aos EUA para negociar pessoalmente.
A movimentação evidencia que o governo brasileiro está em busca de reequilíbrio em uma relação que já foi mais estratégica, mas hoje parece subordinada a decisões unilaterais vindas de Washington.
A sinalização da Casa Branca é clara: pragmatismo e interesses nacionais estão acima de afinidades ideológicas. Resta saber se o Brasil saberá lidar com isso com a firmeza necessária.
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