Corinthians negocia R$ 57 milhões com a Liga Forte União para manter folha em dia

Em meio a uma crise financeira, o Corinthians negocia com a Liga Forte União (LFU) a liberação de R$ 57 milhões ainda em agosto. O valor seria utilizado para pagar salários, fornecedores, prêmios atrasados e, possivelmente, reforçar o elenco. A informação foi divulgada nesta terça-feira (29) pelo portal Globo Esporte.

A operação envolve dois mecanismos: uma antecipação de R$ 27 milhões da receita prevista para dezembro, ligada ao desempenho no Campeonato Brasileiro, e um empréstimo adicional de R$ 30 milhões com juros de CDI (atualmente em 14,9% ao ano) mais 3%.

A primeira parte da operação — o adiantamento — já está prevista no orçamento do clube para 2025 e, por isso, não exige aprovação do Conselho. Já o empréstimo, que demandou aval do CORI (Conselho de Orientação), tem como contrapartida a extensão do contrato do clube com a LFU até 2030. O Corinthians, porém, condiciona a assinatura à inclusão de uma “cláusula de saída”, que permita o rompimento do novo vínculo mediante a devolução do valor corrigido. A resposta da LFU à contraproposta ainda é aguardada.

A LFU é um consórcio de clubes das Séries A e B criado para negociar conjuntamente os direitos de transmissão, na tentativa de aumentar a autonomia financeira das agremiações. Em 2023, o Corinthians já havia obtido junto à entidade um empréstimo de R$ 150 milhões sob as mesmas condições de juros.

Além dos recursos da liga, a diretoria alvinegra espera o pagamento de R$ 50 milhões da Nike, referentes à renovação do contrato de fornecimento de material esportivo — outros R$ 50 milhões estão previstos para 2026. O clube também projeta arrecadar pelo menos R$ 100 milhões com vendas de jogadores na atual janela de transferências.

Desde que o presidente Augusto Melo foi afastado e Osmar Stabile assumiu interinamente, o clube tem buscado soluções emergenciais para equilibrar o fluxo de caixa. Em maio, R$ 22 milhões já haviam sido antecipados do contrato com a LFU.

“O Corinthians estava sem fluxo de caixa para maio, junho e julho. Praticamente sem nada. O que tinha para receber veio em janeiro e fevereiro, mas esse dinheiro foi utilizado de uma forma que desconheço. Não chegou ao futebol”, afirmou Stabile na segunda-feira (28.jul).

O dirigente ressaltou que o modelo atual de repasses causa um vácuo perigoso nas finanças. “Recebemos no início e no fim do ano. E o meio, não vive? Vive, e precisamos de dinheiro. Quando deveríamos estar correndo na frente, estamos correndo atrás.”

Para a temporada 2025, o Corinthians estima um total de R$ 210 milhões em receitas com direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Deste montante, cerca de R$ 100 milhões já teriam sido recebidos.