Prêmio Nobel da Paz de 2025 é concedido a María Corina Machado por luta contra a ditadura de Maduro

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado recebeu nesta quinta-feira (9) o Prêmio Nobel da Paz por sua “luta incansável em defesa dos direitos democráticos do povo da Venezuela” e por tentar conduzir uma transição pacífica da ditadura para a democracia, segundo anunciou o Comitê Norueguês do Nobel.

A escolha da ativista foi amplamente interpretada como um gesto internacional de apoio à resistência democrática no país governado pelo ditador Nicolás Maduro.

“Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, afirmou Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comitê, ao anunciar o prêmio.

Uma líder em tempos de repressão

Machado foi descrita pelo Comitê como uma “figura-chave e unificadora em uma oposição política antes profundamente dividida” — uma frente que encontrou unidade em torno da defesa de eleições livres e governo representativo.

Nos últimos meses, a líder passou a viver escondida devido às ameaças de prisão e de morte, mas permaneceu no país, inspirando milhões de venezuelanos que continuam a desafiar o regime.

Ela foi impedida de disputar as eleições presidenciais de 2024, quando apoiou Edmundo González Urrutia como candidato de consenso da oposição. O processo eleitoral foi marcado por desqualificações arbitrárias, prisões políticas e repressão.

Fraude eleitoral e repressão pós-eleição

O Consejo Nacional Electoral de Venezuela, controlado por aliados de Maduro, declarou o ditador vencedor da eleição, mesmo diante de evidências críveis de fraude. O anúncio provocou uma onda de protestos em todo o país, reprimidos com violência pelo regime, deixando mais de 20 mortos.

González fugiu para a Espanha, onde recebeu asilo político, enquanto Machado desapareceu da cena pública desde janeiro, vivendo em local não revelado.

Cerimônia sob incerteza

O Comitê do Nobel afirmou que ainda não há confirmação sobre a presença de María Corina Machado na cerimônia de entrega do prêmio, marcada para dezembro, em Oslo.

“É uma questão de segurança. Sempre esperamos ter o laureado conosco em Oslo, mas esta é uma situação séria que precisa ser resolvida primeiro”, disse Frydnes.

Um símbolo internacional

A concessão do Nobel da Paz à opositora venezuelana reforça a pressão internacional sobre o regime de Maduro e coloca a luta democrática da Venezuela no centro da agenda global. Para analistas, a escolha sinaliza uma clara mensagem: a comunidade internacional reconhece e apoia líderes que resistem a regimes autoritários.

Criado em 1901, o Prêmio Nobel da Paz homenageia pessoas e organizações que contribuem para o progresso da humanidade, segundo o legado de Alfred Nobel, inventor e filantropo sueco.