Barroso reconhece força de Bolsonaro e admite excesso de protagonismo do STF

O ministro Luís Roberto Barroso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), reconheceu a força política do ex-presidente Jair Bolsonaro e admitiu que a Corte assumiu um “protagonismo excessivo” nos últimos anos. A declaração foi feita durante palestra no Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

Segundo Barroso, o excesso de protagonismo não decorre de uma escolha do Supremo, mas do próprio desenho da Constituição e das demandas encaminhadas pela política. “Nenhum Poder pode ser hegemônico numa República”, disse, acrescentando que, apesar das críticas, a atuação do STF teve papel importante na preservação da democracia brasileira.

O ministro também comentou as condenações relativas aos atos de 8 de janeiro de 2023. Para ele, algumas penas aplicadas foram elevadas, sobretudo para participantes secundários, que não eram mentores das ações. Barroso ressaltou que, em suas decisões, sempre buscou impor sanções menores e defendeu que uma redução “razoável” permitiria que muitos dos condenados estivessem em liberdade dentro de dois anos ou pouco mais.

Sobre Bolsonaro, Barroso destacou o peso político do ex-presidente, que, mesmo derrotado, obteve quase metade dos votos nas eleições de 2022. “Esse é um fato que causa mal-estar e não pode ser ignorado. Ao mesmo tempo, não podemos deixar de julgar”, afirmou.

Outro ponto abordado foi a transparência do STF. Barroso lembrou que a TV Justiça deu grande visibilidade às decisões da Corte, tornando o tribunal mais próximo da sociedade, mas também expôs ministros a críticas e pressões.