Brasil minimiza tensão pré-reunião entre Lula e Trump na Malásia
Planalto avalia que declarações sobre moedas locais e tarifas não devem prejudicar negociações entre os dois países
Por: Redação
23/10/2025 às 21:57

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Integrantes do governo brasileiro tentam reduzir a temperatura gerada pelas falas recentes dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, feitas às vésperas do encontro previsto para este domingo (26), na Malásia. A reunião deve discutir uma saída para a atual crise diplomática e comercial entre Brasil e Estados Unidos.
De acordo com auxiliares do Planalto, nem a defesa de Lula pelo comércio em moedas locais entre países dos Brics, nem o comentário de Trump sobre tarifas à carne brasileira — que ele disse ter “salvado” a pecuária americana — são suficientes para comprometer as tratativas. A avaliação é de que as falas foram direcionadas a seus públicos internos e não têm peso prático no andamento das negociações.
Apesar da disposição de ambas as partes em dialogar, a agenda oficial entre os dois líderes ainda não foi confirmada. Também não foi divulgado qualquer protocolo para o eventual encontro.
Durante um fórum econômico em Jacarta, capital da Indonésia, Lula reafirmou sua proposta de intensificar o uso de moedas locais no comércio internacional, reduzindo a dependência do dólar. A ideia vem sendo defendida há meses pelo governo brasileiro, especialmente no âmbito do Brics. Diplomatas, no entanto, afirmam que o alcance da declaração é limitado e não representa uma ofensiva direta contra os Estados Unidos.
“Queremos multilateralismo e não unilateralismo. Queremos democracia comercial e não protecionismo”, afirmou Lula no evento. A fala foi recebida com cautela, mas sem alarde, por interlocutores de Washington.
Na véspera, Trump havia exaltado as tarifas impostas à carne importada, citando nominalmente o Brasil. Em publicação na rede Truth Social, ele afirmou que os pecuaristas americanos estão prosperando graças às medidas protecionistas adotadas durante seu governo.
“A única razão pela qual estão indo tão bem, pela primeira vez em décadas, é porque eu coloquei tarifas sobre o gado que entra nos Estados Unidos, incluindo uma tarifa de 50% sobre o Brasil”, escreveu.
Nos bastidores, diplomatas brasileiros interpretam o movimento de Trump como um aceno político ao setor rural americano — base importante de apoio ao republicano. Já em Brasília, a avaliação é de que, apesar do tom, a declaração não representa um obstáculo concreto às negociações e pode até reforçar a disposição de ambos em buscar soluções pragmáticas para a relação comercial.
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