Encontro entre Lula e Trump deve acontecer “em breve”, diz chanceler

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (17) que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump devem se reunir “em breve”, embora a data e o local ainda não estejam definidos. A declaração foi feita após um encontro em Washington com o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, que marcou a retomada do diálogo político entre Brasil e Estados Unidos.

“Vai depender se as datas das agendas coincidirem; tudo será estudado e preparado. Mas há interesse de ambas as partes para que os presidentes se encontrem muito em breve”, declarou Vieira.

Segundo o chanceler, a reunião com Rubio foi “muito produtiva” e ocorreu em um clima de cordialidade, com ênfase em cooperação econômica, ambiental e de segurança. Fontes diplomáticas, no entanto, destacam que Washington pressiona por compromissos mais firmes, especialmente em temas comerciais e estratégicos, antes de um encontro formal entre os presidentes.

Contexto político e pressões americanas

Essa foi a primeira reunião entre um chanceler brasileiro e o secretário de Estado dos EUA desde o início do segundo mandato de Trump, em janeiro. A visita ocorre em um momento de distensão nas relações bilaterais, após o breve encontro entre Lula e Trump nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que serviu como sinal de reaproximação.

Apesar da retórica diplomática, o clima político ainda é delicado. Nos últimos meses, o governo brasileiro enfrentou uma série de medidas impostas por Washington, incluindo tarifas de 50% sobre produtos nacionais e sanções contra integrantes do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes, incluído na lista da Lei Magnitsky.

Essas ações, segundo o próprio Trump, têm também caráter político e foram uma resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro — aliado próximo do republicano — por tentativa de golpe de Estado.

Expectativa para encontro presidencial

Vieira afirmou que canais de comunicação continuam ativos para definir a agenda e a logística do encontro presidencial. Para diplomatas, o governo brasileiro vê na reunião uma oportunidade de tentar reduzir tensões e aliviar o impacto das medidas impostas pelos EUA.

Do lado americano, a expectativa é de uma postura mais clara do governo brasileiro em temas estratégicos, incluindo comércio e segurança, antes de qualquer aceno de flexibilização tarifária.