Governo autoriza compra de R$ 1,2 bilhão em helicópteros dos EUA sem licitação

A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou que pretende adquirir 11 helicópteros modelo UH-60L Black Hawk do Exército dos Estados Unidos por meio de inexigibilidade de licitação. A compra, avaliada em US$ 229,9 milhões — aproximadamente R$ 1,2 bilhão — foi oficializada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (20).

A operação é conduzida pelo Ministério da Defesa, via Parque de Material Aeronáutico de São Paulo, subordinado ao Comando da Aeronáutica. As aeronaves serão adquiridas no âmbito do programa BEST (Blackhawk Exchange Sales Team), mantido pelo Exército norte-americano, que fornece equipamentos militares usados a países aliados com condições comerciais diferenciadas.

Contexto geopolítico e militar

A compra ocorre em um momento de aproximação diplomática entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump. Ambos devem se encontrar no dia 26 de outubro, na Malásia, para discutir, entre outros pontos, a redução de tarifas impostas a produtos brasileiros. O anúncio do contrato militar foi feito justamente às vésperas da reunião.

Além da aquisição dos helicópteros, o governo brasileiro também solicitou a atualização de sistemas para 24 aeronaves da frota, incluindo 13 unidades já em operação no país. O pacote prevê a instalação da solução integrada BrIFD G5000H da Garmin, com telas panorâmicas e tecnologia avançada de navegação.

O Brasil figura entre os principais beneficiários do programa norte-americano Foreign Military Sales (FMS), que permite a transferência de equipamentos militares para países parceiros a preços reduzidos. Em 2024, as Forças Armadas já haviam adquirido armamentos, veículos blindados e sistemas de comunicação no valor de US$ 950 milhões, com entregas previstas até 2028

A nova aquisição reforça os vínculos militares históricos entre os dois países e amplia a capacidade operacional da FAB em missões de resgate, transporte logístico e operações estratégicas.

O uso de inexigibilidade de licitação — instrumento legal que dispensa concorrência quando não há fornecedores alternativos — gerou debates em Brasília. Enquanto defensores apontam a agilidade e a parceria com um aliado estratégico, críticos cobram mais transparência e planejamento para evitar sobrecustos.