Governo Lula sofre revés na instalação da CPI do INSS
Oposição conquista presidência e relatoria da comissão que investigará fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões
Por: Redação
20/08/2025 às 15:27

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O Palácio do Planalto foi surpreendido nesta terça-feira (20) com uma derrota política logo na instalação da CPI do INSS. A oposição conseguiu eleger seus representantes para os dois principais cargos da comissão: a presidência, ocupada pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), e a relatoria, entregue ao deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Ambos superaram candidatos apoiados diretamente pelo governo Lula.
A escolha de Viana, com 17 votos contra 13 dados ao governista Omar Aziz (PSD-AM), foi resultado de uma articulação de última hora conduzida por líderes de oposição, como Rogério Marinho (PL-RN). O relator Gaspar também foi uma indicação fora dos planos do Planalto, que contava com o apoio da Câmara para emplacar Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
A CPI foi criada para investigar irregularidades em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões, um esquema que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter causado prejuízo de até R$ 6,4 bilhões aos cofres públicos.
“Quero agradecer cada um dos 17 senadores. Foi uma articulação dos últimos dias”, afirmou Viana após a eleição. Já o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), destacou que a vitória foi fruto de uma estratégia definida de última hora: “Conversamos com presidentes de partido e conseguimos a vitória a partir das 21h45 de ontem”.
Dentro do governo, o resultado foi recebido como uma surpresa amarga. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AC), minimizou a derrota e atribuiu a situação a questões regimentais e ausências inesperadas de parlamentares aliados.
Apesar do discurso de tranquilidade, a base governista já se prepara para blindar o ministro da Previdência, Carlos Lupi, o ex-chefe do INSS Alessandro Stefanutto e o atual presidente do órgão, Gilberto Waller Júnior, possíveis alvos de convocação. A estratégia será tentar vincular as fraudes a gestões anteriores, especialmente à administração de Jair Bolsonaro (PL).
Do lado da oposição, parlamentares bolsonaristas prometem ampliar o foco da investigação e pressionam pela convocação de Frei Chico, irmão de Lula, ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), citado em relatório da CGU. A entidade nega irregularidades, e Frei Chico não é alvo formal de inquérito.
Com a presidência e a relatoria em mãos, a oposição ganha protagonismo em uma comissão que pode expor fragilidades na gestão petista da Previdência. O governo, que esperava controlar os rumos da CPI, agora terá de lidar com uma investigação conduzida por adversários políticos e sob forte pressão do Congresso.
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