Hugo Motta indica afastamento de cinco deputados após paralisação da Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu encaminhar ao Conselho de Ética a indicação de afastamento, por até seis meses, de cinco parlamentares envolvidos no motim que bloqueou os trabalhos legislativos por mais de 30 horas nesta semana. A decisão foi tomada nesta sexta-feira (8), durante reunião da Mesa Diretora.

Os deputados indicados são Marcos Pollon (PL-MS), Zé Trovão (PL-SC), Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Camila Jara (PT-MS). Eles são acusados de obstruir deliberadamente o funcionamento da Casa, ocupando a Mesa Diretora e impedindo a retomada das sessões.

O tumulto começou na terça-feira (5) como forma de protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, os parlamentares exigiam a votação de pautas polêmicas, como a anistia para investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, o fim do foro privilegiado e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. A ocupação se estendeu até a noite de quarta-feira (6), quando Motta reassumiu a presidência e reabriu a sessão.

A decisão de levar o caso ao Conselho de Ética foi reforçada por representações conjuntas apresentadas por PT, PSB e PSOL. Segundo essas siglas, durante a confusão, Zé Trovão teria agido fisicamente contra o presidente da Câmara, enquanto Camila Jara teria empurrado o deputado Nikolas Ferreira, provocando sua queda. A deputada nega a acusação e afirma que houve troca de empurrões generalizada no momento do tumulto.

O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que também participou da ocupação, não foi incluído na lista de afastamento. O Conselho de Ética deverá analisar o caso nos próximos dias e poderá aplicar penalidades que vão desde advertência até a suspensão temporária do mandato.

O episódio intensificou o clima de tensão no Congresso Nacional e expôs a dificuldade em manter a ordem e o cumprimento das normas regimentais diante de atos extremos no plenário.