Lula articula bloco ideológico na América do Sul em meio a isolamento diplomático com os EUA

Em um momento de crescente tensão internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou no Chile neste domingo (20) para participar da cúpula “Democracia Sempre”, organizada pelo presidente chileno Gabriel Boric. O evento reúne lideranças de esquerda da América Latina e da Europa e tem sido interpretado por analistas como uma tentativa de Lula de reerguer uma frente ideológica progressista diante da perda de influência do Brasil no cenário global e da deterioração das relações com os Estados Unidos.

O encontro acontece poucos dias após os EUA, sob forte influência do presidente Donald Trump, anunciarem um pacote de tarifas comerciais contra produtos brasileiros, medida que expõe a fragilidade diplomática do governo Lula. A ausência de canais de diálogo efetivos com Washington e a falta de uma política externa pragmática têm levado o Brasil a apostar em alianças baseadas em afinidade ideológica, em detrimento de interesses comerciais mais amplos.

Entre os participantes da cúpula estão nomes como o presidente colombiano Gustavo Petro, o presidente do governo espanhol Pedro Sánchez e o presidente uruguaio Yamandú Orsi. Todos ligados a governos de centro-esquerda ou esquerda, o que reforça o caráter político do encontro. Para críticos, a reunião mais parece um clube de apoio mútuo do que uma articulação realista diante dos desafios econômicos e diplomáticos da região.

Lula também deve levar à mesa discussões sobre regulação das redes sociais e taxação das big techs, pauta que enfrenta forte resistência interna e externa. Enquanto a proposta tenta se vender como combate à desinformação, opositores acusam o governo de buscar censura e controle sobre o ambiente digital.