Lula usa COP30 para atacar “negacionistas” e provocar Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta segunda-feira (10) a COP30, em Belém (PA), com um discurso político e repleto de ataques aos chamados “negacionistas” — termo que o petista costuma usar para se referir a críticos de sua agenda climática e de regulação das redes sociais.

“É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, afirmou Lula, chamando o evento de “COP da verdade”.

O presidente também fez provocações diretas aos Estados Unidos, comandados por Donald Trump, por não enviarem representantes de alto nível à conferência. Lula ironizou os países “que financiam guerras, mas não participam da COP para cuidar do planeta”, citando os US$ 130,6 bilhões enviados por Washington à Ucrânia desde 2022.

“Se os homens que fazem guerra estivessem aqui, veriam que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para acabar com o problema climático do que gastar US$ 2,7 trilhões com guerras”, disse.

Big techs e controle de redes sociais

Durante a fala, Lula voltou a defender o controle das redes sociais, em meio à disputa no Congresso sobre a regulação das big techs — um dos projetos mais polêmicos de seu governo. O tema, que enfrenta resistência da bancada conservadora ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é tratado como prioridade pelo Planalto.

Críticos afirmam que o discurso ambiental foi usado como pano de fundo para reforçar a retórica ideológica do governo, enquanto o país enfrenta problemas fiscais, baixo crescimento e críticas internacionais ao gasto público com a organização da conferência — que já inclui o aluguel de cruzeiros de luxo por R$ 263 milhões para hospedar delegações e ONGs.

“COP da verdade” sob desconfiança

A COP30 foi batizada pelo governo como “a COP da verdade” e pretende discutir mecanismos de financiamento climático de até US$ 1,3 trilhão até 2035. Contudo, diplomatas estrangeiros e analistas ambientais apontam que o evento tem sido marcado por excesso de propaganda política e falta de resultados concretos.

Lula chamou a realização da conferência na Amazônia de “proeza” e citou tragédias climáticas recentes no Brasil e no mundo, mas evitou comentar o alto custo logístico e as falhas de infraestrutura denunciadas por participantes.