PF pede novo inquérito contra advogados e jornalistas que criticaram prisão de Filipe Martins

A Polícia Federal do Brasil encaminhou um ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a abertura de um novo inquérito para investigar advogados e jornalistas que criticaram a prisão do ex-assessor Filipe Martins. No documento, assinado pelo delegado Fábio Alvarez Shor, as críticas à Operação Tempus Veritatis são classificadas como parte de uma “milícia digital” que buscaria “descredibilizar autoridades”.

A PF respondeu assim a um pedido do próprio Moraes, que havia determinado esclarecimentos sobre supostas informações de entrada de Filipe Martins nos Estados Unidos no fim de 2022. Em vez de se limitar à explicação técnica, a corporação ampliou a argumentação, associando manifestações públicas de jornalistas e juristas críticos ao Supremo a possíveis crimes.

Clima de tensão entre Judiciário e imprensa

A iniciativa gerou forte reação de setores jurídicos e da imprensa independente, que enxergam no gesto mais uma tentativa de criminalizar opiniões divergentes e restringir a liberdade de expressão. Críticos afirmam que a medida reforça o uso do aparato estatal para intimidar vozes que questionam decisões judiciais, especialmente no contexto de investigações conduzidas diretamente por Moraes.

Advogados afirmam que a postura da PF representa um grave precedente, uma vez que críticas públicas a autoridades — inclusive a ministros da Suprema Corte — são protegidas pela Constituição em uma democracia.