PGR acusa Filipe Martins de fraudar sistema dos EUA

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou formalmente o ex-assessor presidencial Filipe Martins de fraudar o sistema eletrônico de imigração dos Estados Unidos, conhecido como “Travel History”. A acusação, apresentada nesta segunda-feira (27), pede a abertura de uma investigação separada para apurar a suposta falsificação.

Segundo o parecer, a PGR agora atribui ao próprio Filipe Martins a responsabilidade pela fraude — uma mudança de versão em relação à linha inicial adotada pela Polícia Federal, que havia usado as informações do Travel History para fundamentar parte da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe em 2022.

No entanto, a defesa do ex-assessor de Jair Bolsonaro alega que nunca houve viagem aos EUA naquela data e que isso foi confirmado por uma nota oficial da U.S. Customs and Border Protection (CBP), que apontou fraude no registro. O Travel History, conforme explicou a defesa, não é um documento oficial para comprovar entrada nos EUA — essa função cabe ao formulário I-94, emitido pelos agentes de fronteira no desembarque.

O episódio levanta questionamentos sobre a robustez das provas apresentadas no processo. A própria PF teria utilizado um meio não autorizado de consulta ao Travel History, e agora a PGR transfere a responsabilidade para o investigado, gerando críticas de setores jurídicos e políticos que veem no caso mais um capítulo de um inquérito controverso.

Filipe Martins está preso desde fevereiro de 2024, atualmente em regime domiciliar. Ele é réu no “núcleo 3” do inquérito que investiga suposta tentativa de golpe atribuída a aliados do ex-presidente Bolsonaro. A defesa afirma que as provas usadas contra ele são frágeis e politicamente motivadas, reforçando o discurso de perseguição que ecoa entre apoiadores da direita.