PGR denuncia ex-assessor de Moraes ao STF por vazamento de mensagens

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou nesta sexta-feira (22) denúncia contra o ex-assessor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Eduardo Tagliaferro no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele é investigado por ter repassado à imprensa mensagens internas de servidores ligados ao ministro Alexandre de Moraes.

A PGR acusa Tagliaferro de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O caso ganhou destaque porque, segundo a Polícia Federal, em abril de 2024 o ex-assessor teria relatado à esposa que entregou informações ao jornal Folha de S.Paulo. Para Gonet, os vazamentos teriam sido usados de forma seletiva para fragilizar investigações conduzidas pelo Supremo e pelo TSE.

Questionamentos sobre o processo

Críticos, no entanto, apontam que a denúncia se soma a uma série de medidas que aumentam a concentração de poder do STF em casos de natureza política. Tagliaferro teria, inclusive, ameaçado divulgar novas informações no exterior, o que, para seus defensores, seria apenas um alerta sobre supostos abusos cometidos dentro da Corte.

Além disso, a rapidez da denúncia chama atenção: a PGR apresentou a peça apenas quatro meses após o indiciamento pela PF, em um movimento que opositores interpretam como mais um exemplo de judicialização da política.

Ligação com inquéritos polêmicos

Na denúncia, Gonet afirma que Tagliaferro aderiu às condutas da chamada “organização criminosa” investigada nos inquéritos das fake news, das milícias digitais e da trama golpista. Para a PGR, os vazamentos buscavam desestabilizar as instituições.

Por outro lado, aliados do ex-assessor avaliam que o caso reforça a ideia de perseguição política contra críticos do Judiciário, já que os diálogos revelados expunham a atuação de servidores ligados diretamente ao gabinete de Moraes.