Safra bilionária, juros salgados: crédito no campo encarece com Lula
Anúncio bilionário supera R$ 500 bilhões para 2025/26, mas política monetária rígida encarece financiamento ao agronegócio
Por: Redação
30/06/2025 às 08:40

Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta segunda (30) e terça-feira (1º) do lançamento do Plano Safra 2025/26, dividido entre os segmentos da agricultura familiar e empresarial. A informação é do site Poder360. O volume total de recursos anunciados baterá novo recorde e superará a marca de R$ 500 bilhões — impulsionado pela estratégia do governo de reforçar o crédito rural em ano pré-eleitoral.
Apesar da magnitude do investimento, o financiamento virá mais caro. Com a taxa básica de juros (Selic) estacionada em 15%, a expectativa é de aumento generalizado nos encargos de crédito. O governo ainda não divulgou oficialmente os percentuais por categoria, mas a sinalização é de que o custo será superior ao praticado no ciclo anterior, cujas taxas oscilaram entre 6% e 12% ao ano nas linhas mais comuns.
Na edição passada (2024/25), o plano safra empresarial — o mais robusto — movimentou R$ 400,59 bilhões (corrigido: R$ 421,9 bilhões). Já o segmento da agricultura familiar recebeu R$ 76 bilhões em valores nominais. A separação dos anúncios, prática adotada nesta gestão, busca dar visibilidade diferenciada aos pequenos produtores por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que tradicionalmente opera com juros mais baixos.
O ministro Carlos Fávaro (Agricultura) lidera o anúncio voltado ao agronegócio empresarial, enquanto Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) participa da cerimônia dedicada à agricultura familiar. A medida reforça o duplo foco da política rural do governo: alimentar a base social no campo e, ao mesmo tempo, tentar manter a interlocução com grandes exportadores — grupo que, em sua maioria, se mantém distante do Planalto.
Em discursos recentes, Lula tem reiterado a importância dos Planos Safra em suas gestões, embora tenha distorcido dados históricos. Durante evento na Farm Show, o presidente afirmou que, em seus primeiros mandatos, empresários adquiriam máquinas com juros de 2% ao ano. Na prática, a taxa só caiu abaixo de 5% uma única vez, em 2009. Durante o governo Bolsonaro (PL), a taxa chegou a 2,8% (2020/21), permanecendo inferior a 3% em boa parte do mandato.
Com a inflação rural ainda pressionada e uma política monetária rígida, o novo Plano Safra apresenta uma equação desafiadora: mais dinheiro à disposição, mas com custo crescente para os produtores.
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