Montadoras alertam Lula: pacote pró-China ameaça investimentos e empregos da indústria nacional

Representantes das principais montadoras instaladas no Brasil enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertando para os riscos que o setor automotivo enfrenta diante da crescente adoção do modelo SKD (Semi Knocked-Down), que permite a importação de veículos parcialmente desmontados para montagem final no país. Segundo o documento, essa prática pode comprometer os investimentos locais e enfraquecer a cadeia produtiva brasileira.

No texto, as montadoras afirmam que, embora a atração de novas marcas seja bem-vinda, é fundamental garantir um ambiente de concorrência leal. Elas argumentam que empresas que adotam o sistema SKD têm vantagens tributárias e logísticas que desestimulam a produção local de peças e componentes, reduzindo os empregos na indústria nacional e afetando negativamente fornecedores brasileiros.

As montadoras também destacam que já investiram bilhões de reais para manter operações produtivas no Brasil, com compromisso de longo prazo e integração local. Com a entrada de concorrentes que se beneficiam de regras mais brandas para importação e montagem, o setor teme uma desindustrialização progressiva e o esvaziamento de polos automotivos tradicionais.

Além do alerta, a carta propõe ao governo federal a criação de uma regulamentação mais clara e rigorosa sobre a entrada de veículos SKD, além de políticas que incentivem a fabricação de automóveis com maior conteúdo nacional. O setor pede ainda previsibilidade regulatória para garantir que os investimentos realizados e futuros não sejam colocados em risco.

O Palácio do Planalto confirmou o recebimento do documento e afirmou que o tema está sendo analisado pelos ministérios envolvidos, incluindo o da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior. Internamente, a equipe econômica também acompanha com atenção o movimento, em meio às discussões sobre reindustrialização e estímulo à economia verde, um dos pilares da atual gestão.