
Foto: José Cruz / Agência Brasil
A base governista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atuou nesta quinta-feira (16) para impedir o avanço das investigações na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades em descontos de aposentadorias e pensões do INSS. Em uma série de votações, os aliados de Lula barraram a convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do petista, e retiraram da pauta os pedidos de quebra de sigilo do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, atual presidente do PDT e também aliado político do Planalto.
A manobra, que garantiu vitórias expressivas ao governo, reforçou a percepção de que o Palácio do Planalto atua para blindar aliados e familiares do presidente, evitando que o caso avance sobre nomes próximos a Lula.
O requerimento de convocação de Frei Chico — que ocupa a vice-presidência do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), uma das entidades investigadas — foi rejeitado por 19 votos a 11. O sindicato é apontado por opositores como parte central do esquema de descontos irregulares em aposentadorias, que teria beneficiado entidades ligadas a lideranças políticas e sindicais.
Além disso, a base do governo costurou um acordo de bastidores entre o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta (PT-RS), e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), para retirar da pauta a votação das quebras de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Carlos Lupi. O ex-ministro é considerado uma figura-chave na estrutura partidária que sustenta o governo.
A postura dos governistas provocou críticas da oposição, que classificou as decisões como uma tentativa explícita de “proteger os amigos do rei”. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), acusou o governo de “usar a maioria da CPI para impedir que a verdade venha à tona”.
Durante a sessão, o governo ainda conseguiu barrar as quebras de sigilo da publicitária Danielle Miranda Fontelles, que trabalhou em campanhas petistas e é citada em documentos da CPI como beneficiária de R$ 5 milhões pagos por Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como um dos operadores do esquema.
Em contrapartida, os aliados de Lula aprovaram o pedido para que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) elabore um relatório sobre as transações do advogado Eli Cohen, responsável por denunciar o esquema. O governo, porém, acusa o advogado de agir em sintonia com a oposição e tenta descredibilizar suas investigações.
Nos bastidores, parlamentares apontam que as vitórias do governo na CPI mostram o retorno da velha articulação política, marcada por acordos e trocas de favores para garantir maioria. A blindagem a Frei Chico e Lupi é vista como um movimento calculado para conter danos à imagem do presidente em meio às suspeitas que atingem setores próximos ao Planalto.
A oposição promete insistir nas convocações e acusa o governo de impedir que a CPI cumpra seu papel fiscalizador. Segundo líderes do PL e do Novo, as manobras desta quinta-feira são “a prova de que o governo Lula teme que a investigação chegue a quem realmente se beneficiou do esquema”.
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