Relator da CPMI aponta rombo de até R$ 70 bilhões em fraudes contra aposentados

O relator da CPMI que investiga os descontos ilegais contra aposentados e pensionistas do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou nesta quinta-feira (4) que o prejuízo causado por fraudes pode chegar a R$ 70 bilhões. A estimativa foi apresentada após a comissão ouvir a diretora de Auditoria de Previdência da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Viegas Mota, em depoimento que expôs falhas e conivência da autarquia federal.

Gaspar destacou que inicialmente se falava em R$ 6,3 bilhões desviados por meio de descontos associativos não autorizados, mas que os números revelados até agora indicam que o esquema pode ser muito maior. Segundo ele, há fortes indícios de fraudes também em empréstimos consignados.

“Os empréstimos consignados, se seguirem a mesma lógica do que nós estamos vendo nos vícios de autorização, podem corresponder a R$ 70 bilhões. O que nós queremos é alcançar os grandes ladrões da nação que meteram a mão no bolso dos aposentados e pensionistas”, afirmou.

Conivência do INSS

Durante a sessão, Eliane Viegas Mota revelou que o INSS renovou um acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), mesmo após receber alerta da CGU de que 97% dos descontos associativos em favor da entidade não haviam sido autorizados pelos beneficiários.

Para Gaspar, a omissão do instituto reforça a necessidade de aprofundar as investigações. “O sistema previdenciário brasileiro tem que ter integridade e transparência necessárias para que o aposentado e pensionista não esteja sendo roubado no final do mês”, disse o deputado.

A comissão pretende ampliar as apurações para identificar responsáveis e mapear todos os esquemas que lesaram aposentados e pensionistas, um dos grupos mais vulneráveis da sociedade.