Relator descarta anistia ampla e diz que não pode “salvar” Bolsonaro

O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto que trata da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, afirmou que não haverá perdão “amplo e irrestrito” e descartou incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os beneficiados. Condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro é alvo de pressão da oposição para ser contemplado no texto.

Segundo Paulinho, a proposta original de anistia foi “superada” nas negociações que antecederam a votação do requerimento de urgência, aprovado na Câmara na quarta-feira (17). O projeto, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), será reescrito.

“Meu principal trabalho será construir um projeto nem à esquerda, nem à direita, mas que pacifique o país”, disse o relator em entrevista ao jornal O Globo. Ele afirmou ainda que pretende ouvir todas as bancadas antes de fechar a versão final.

O parlamentar também admitiu que busca reduzir tensões com o Supremo. “Quero agradar todo mundo, inclusive o STF. Não tenho como salvar o Bolsonaro individualmente”, declarou.

Na quinta-feira (18.set), Paulinho se reuniu com o ex-presidente Michel Temer (MDB), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que participou de forma virtual. Após o encontro, anunciaram uma mudança de abordagem: o projeto passará a ser chamado de “PL da Dosimetria”.

Com a alteração, a proposta deixa de tratar de anistia e passa a mirar na redução de penas aplicadas pelo STF. Temer classificou a mudança como um “pacto republicano”, enquanto Aécio disse que a nova nomenclatura é “mais adequada” para evitar choques com o Supremo.