Primeiro-ministro do Nepal deixa o cargo em meio a crise e confrontos nas ruas

O primeiro-ministro do Nepal, K.P. Sharma Oli, renunciou nesta terça-feira (9) em meio à onda de manifestações que desafiaram um toque de recolher e entraram em confronto com a polícia. A crise foi intensificada após a morte de 19 pessoas em protestos contra a proibição do uso de redes sociais, medida suspensa pelo governo um dia antes.

A renúncia de Oli aprofunda a instabilidade política no país do Himalaia, marcado por turbulências desde a abolição da monarquia em 2008. Em carta ao presidente Ramchandra Paudel, o premiê afirmou que deixava o cargo “para facilitar uma solução política dentro da Constituição”. Paudel aceitou o pedido e iniciou conversas para a escolha de um novo líder.

Oli, de 73 anos, estava em seu quarto mandato e viu ministros de sua própria base renunciarem na véspera, alegando razões morais. Apesar de ter defendido o diálogo e lamentado a violência, o premiê atribuiu parte da crise à “infiltração de centros egoístas”, sem responder diretamente às acusações de corrupção.

As Forças Armadas pediram moderação nas ruas após novos confrontos nesta terça-feira. O episódio expõe novamente a fragilidade de um país que, entre Índia e China, enfrenta desafios econômicos, sociais e institucionais em busca de estabilidade.