Moraes intervém em operação no Rio e cobra Cláudio Castro após ação histórica contra o crime

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou neste domingo (2) que o governo do Rio de Janeiro preserve e documente todas as provas da Operação Contenção, uma das maiores ações policiais já registradas contra o Comando Vermelho (CV).

A operação — que ocorreu nos complexos da Penha e do Alemão — prendeu 113 pessoas e deixou 117 criminosos mortos, além de quatro policiais. O número faz da ação a mais letal da história do país, superando até o massacre do Carandiru.

Moraes atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU) dentro da ADPF das Favelas, processo que trata da atuação das forças de segurança no estado. A decisão determina o acesso da Defensoria às informações e o controle do Ministério Público sobre os materiais da operação.

Intervenção judicial em meio a ação contra o tráfico

Segundo o despacho, o governador Cláudio Castro (PL) deverá ser intimado para garantir o cumprimento da decisão. O ministro ainda convocou uma audiência conjunta para 5 de novembro, com participação de órgãos públicos e entidades civis ligadas a direitos humanos.

A reunião terá representantes de grupos como Conectas, Educafro, Movimento Negro Unificado e Rede da Maré, organizações frequentemente críticas à atuação das polícias em comunidades dominadas pelo tráfico.

Fontes ligadas ao governo fluminense afirmam que a operação teve como alvo líderes de facções criminosas vindos de outros estados, e que o confronto foi resultado direto da resistência armada de traficantes fortemente equipados.

O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, destacou que entre os mortos havia chefes do tráfico identificados de oito estados diferentes, incluindo Pará, Amazonas e Bahia. “Esses criminosos estavam transformando o Rio num quartel-general do Comando Vermelho”, disse o secretário.

Cláudio Castro será ouvido pelo STF

O governador Cláudio Castro deverá prestar informações pessoalmente a Moraes nesta segunda-feira (3), em audiência no Centro Integrado de Comando e Controle da Polícia Militar. O STF também requisitou relatórios detalhados sobre o uso da força, número de mortos e feridos, e a utilização de câmeras corporais durante a operação.

A decisão reforça o avanço do ativismo judicial sobre temas de segurança pública, uma área que constitucionalmente pertence aos estados. Integrantes do governo fluminense avaliam que a medida é mais uma tentativa de enfraquecer a autonomia policial e criminalizar o combate ao crime organizado.