PT processa parlamentares e perfis do X por uso da frase “Partido dos Traficantes”

Partido dos Trabalhadores (PT) entrou com uma ação judicial contra diversos parlamentares e usuários da rede X (antigo Twitter) por compartilharem publicações que associam a sigla ao crime organizado com a frase “PT, Partido dos Traficantes”.

Entre os processados estão os deputados federais Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ).

Segundo a petição, os posts teriam surgido após a megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, ocorrida no dia 28 de outubro, e teriam o objetivo de “degradar a honra objetiva do Partido dos Trabalhadores” e associar a legenda a atividades criminosas.

“Tentam, de forma vil e repugnante, associar a imagem do PT ao crime organizado”, afirma o documento do partido.

PT pede indenizações milionárias e exclusão de postagens

O PT solicita que a Justiça determine a exclusão imediata das postagens e que cada parlamentar seja condenado ao pagamento de R$ 40 mil em indenização por danos morais.

Para os perfis anônimos que também publicaram a frase, o partido pede indenização de R$ 10 mil cada.

No entanto, o juiz de plantão Tiago Fontes Moretto, que analisou o pedido no sábado (1º/11), negou a liminar, afirmando que não há urgência que justifique decisão durante o plantão judicial.

“Não há elementos que demonstrem risco de perecimento de direito ou urgência apta a atrair a competência excepcional do plantão”, escreveu o magistrado.

O caso seguirá agora para análise regular pela vara competente.

Reação da oposição

Deputados e senadores citados reagiram nas redes sociais, classificando a ação do PT como “tentativa de censura” e “abuso de poder judicial”.

O senador Flávio Bolsonaro afirmou que o processo é “uma clara afronta à liberdade de expressão e ao direito de crítica política”. Já o deputado Nikolas Ferreira ironizou a ação, dizendo que “quem se ofende é quem tem culpa”.

Nos bastidores, parlamentares do PL e da direita conservadora avaliam que o partido tenta intimidar opositores após a forte repercussão popular da operação policial, que foi amplamente elogiada por reduzir o poder do tráfico nas comunidades dominadas pelo Comando Vermelho.

A ofensiva judicial do PT ocorre num momento em que o governo Lula enfrenta queda de popularidade e críticas por sua postura ambígua em relação à segurança pública.

Enquanto a população comemora o avanço das forças policiais no Rio, integrantes da base governista têm buscado enfraquecer a narrativa de sucesso da operação, questionando o número de mortos e defendendo “respeito aos direitos humanos” — discurso que reacendeu o embate ideológico entre direita e esquerda.