Trump reduz tarifas agrícolas de forma retroativa, mas Brasil segue com taxa de 40% sobre exportações

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na sexta-feira (14) uma ordem executiva que reduz retroativamente tarifas incidentes sobre uma série de produtos agrícolas importados, como carne bovina, tomates, café e bananas. A medida, porém, não altera a situação do Brasil, que permanece sujeito a uma taxa de 40% aplicada desde julho.

De acordo com fontes da Casa Branca ouvidas pela CNN Brasil, a ordem assinada por Trump trata apenas da alíquota inicial anunciada no início do ano — uma tarifa mínima de 10% para o Brasil. No entanto, em julho, o presidente norte-americano decidiu elevar substancialmente o valor, impondo uma sobretaxa de 40% que, somada à tarifa base, totalizou 50% sobre produtos brasileiros, especialmente o café.

A confirmação de que a ordem executiva não alcança a tarifa mais recente significa que as exportações brasileiras continuam submetidas ao nível elevado de taxação.

A decisão ocorre em meio ao desgaste econômico percebido pelos eleitores norte-americanos. Pesquisas de boca de urna realizadas no início deste mês revelaram frustração com a escalada de preços, o que se refletiu em vitórias de candidatos democratas em eleições estaduais realizadas fora do ciclo presidencial.

Diversos produtos incluídos na nova medida tarifária registraram alguns dos maiores aumentos de preços desde o início do mandato de Trump, impulsionados tanto pelas tarifas impostas pelo governo quanto pela baixa produção doméstica. O café é um exemplo emblemático: o Brasil, principal fornecedor da commodity aos EUA, enfrenta uma tarifa de 50% desde agosto. Em setembro, os consumidores americanos pagaram quase 20% a mais pelo produto em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor.

No texto da ordem executiva, Trump afirma que tomou a decisão “após considerar as informações e recomendações fornecidas por autoridades, o andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda interna atual e a capacidade de produção doméstica”.

A medida entrou em vigor de forma retroativa a partir de quinta-feira (13). Segundo o documento, eventuais reembolsos decorrentes das tarifas cobradas serão processados pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA dentro dos procedimentos legais habituais.

Ao anunciar as mudanças, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, destacou que a revisão tarifária se concentra em produtos “que não cultivamos aqui nos Estados Unidos”, citando café e bananas. Embora pequenas regiões do país produzam café, a maior parte da demanda norte-americana depende da importação.