Relator da CPI critica Lula por “criminalizar” ação da polícia no Rio

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da CPI do Crime Organizado, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por suas declarações sobre a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais. Lula havia classificado a ação como “desastrosa” e uma “matança”, o que gerou forte reação no Congresso.

“Acho que foi muito infeliz o presidente da República ao criminalizar a ação dos policiais sem nenhuma informação que dê base para isso. Até o momento não há nenhum dado que aponte para uma ilegalidade”, disse Vieira à CNN Brasil.

O parlamentar ressaltou que “criminalizar antecipadamente a polícia é tão equivocado quanto dizer que qualquer morador da comunidade é criminoso”, criticando o tom adotado por Lula. Segundo o senador, o presidente “se alinhou ao discurso tradicional da esquerda”, que prioriza pautas de desigualdade social e tende a ignorar o trabalho das forças de segurança.

Defesa da ação policial e crítica à narrativa do Planalto

Vieira enfatizou que a operação — batizada de “Contenção” — envolveu 2,5 mil agentes para cumprir mandados de prisão e busca nos complexos da Penha e do Alemão, áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV). Embora reconheça a violência da operação, o senador considerou que o confronto era inevitável.

“Todos sabiam que haveria resistência. Foi uma escolha por uma ação de confronto, mas isso não pode ser usado para deslegitimar a polícia ou transformá-la em vilã”, destacou.

O senador também afirmou que espera transparência nas investigações, mas rechaçou a ideia de que as forças de segurança devam ser “punidas por cumprir ordens judiciais”.

Divergência entre Planalto e Congresso

As falas de Lula sobre a operação têm ampliado o desgaste político entre o governo federal e o Congresso, especialmente em meio à discussão sobre o possível auxílio às famílias dos suspeitos mortos. Para parlamentares da oposição, o presidente demonstra “inversão de valores” ao atacar policiais e poupar criminosos.

“A fala de Lula foi um erro político grave. Em vez de apoiar as forças que combatem o crime, ele reforça o discurso de quem tenta desmoralizar o Estado”, disse um senador ligado à base conservadora.